Como a Covid-19 impactou o setor de saúde e quais são as perspectivas para o futuro?
A pandemia do novo coronavírus exigiu uma rápida adaptação do setor de saúde para atender aos casos de Covid-19, sem descuidar dos outros pacientes que precisavam de assistência médica, inclusive os que estavam em quarentena. Um ano depois do início da crise sanitária no Brasil e no dia em que o país ultrapassou 400 mil mortes pela doença, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), em parceria com a Bain & Company, divulga o estudo “Lições da pandemia: perspectivas e tendências”.
O documento, que resume o que foi debatido por especialistas nacionais e internacionais na última edição do Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp), apresenta os aprendizados para a construção de modelos assistenciais mais eficazes, a preparação de profissionais mais capacitados para enfrentar os novos desafios e a complexa missão de construir um sistema de saúde mais robusto e sustentável.
Um dos temas debatidos foi o futuro da assistência em saúde
Já antes da pandemia, era possível identificar cinco grandes temas que definiriam o modelo assistencial do futuro, o maior foco no desenvolvimento de soluções de cuidado centradas no usuário; o avanço de modelos de cuidado alternativos, principalmente usando o digital e fora do hospital (“out-of-hospital”); o estabelecimento de equipes de cuidado integradas e multifuncionais; a interação através de diversos canais de maneira fluída e em tempo real com o usuário; e, finalmente, o uso de dados e ferramentas digitais. Estes elementos convergem na busca de melhores resultados clínicos, racionalização de custos e melhor experiência e conveniência aos usuários e profissionais do setor,
Telemedicina e outros recursos digitais na saúde
Outro tema que o estudo traz é sobre a telemedicina que vem crescendo e ganhando cada dia mais espaço no mercado brasileiro.
O uso de ferramentas digitais pelo setor foi fundamental, tanto no enfrentamento da pandemia quanto na manutenção de outras atividades de saúde durante a crise. Ferramentas como teletriagens, teleconsultas e teleinterconsultas (entre médicos), monitoramento remoto de UTI, aplicativos de gestão de saúde, entre outros, trouxeram benefícios como a continuidade de atendimentos, maior segurança dos profissionais e pacientes, melhor previsão e regulação do fluxo presencial nas instituições, e a comodidade.
Os benefícios foram expressivos – em junho de 2020, o TeleSUS já havia atendido cerca de 73 milhões de brasileiros desde o seu lançamento em abril do mesmo ano. Esse serviço incluía um Disque Saúde, um chatbot na página do Ministério da Saúde, e um aplicativo9. O Hospital Israelita Albert Einstein teve aumento de 1.330% nas teleconsultas (de 70 para mil por dia) e de 2.400% nos teleatendimentos (de 200 para 5 mil diariamente)10. Destaca-se, portanto, a importância da tecnologia em um contexto como a pandemia. Os benefícios dessas ferramentas, no entanto, tendem a se estender para o futuro. Há agora uma janela de oportunidade para consolidar o uso de ferramentas digitais ao longo da jornada, uma vez que pacientes e profissionais demonstraram maior abertura.
Para Antônio Britto, diretor-executivo da Anahp, a pandemia evidenciou algumas tendências e dificuldades do sistema de saúde no Brasil que já eram percebidas antes, mas que nestes últimos meses tão trágicos ficaram expostas. “A Anahp espera que tudo que sofremos com a pandemia sirva para tornar urgente o debate sobre o que precisa mudar. Esse documento é uma contribuição nossa e da Bain para o debate inevitável sobre as mudanças que a pandemia tornou indispensáveis”, ressalta Britto.
“Para responder à Covid-19, instituições ao longo de toda a cadeia de valor de saúde foram forçadas a experimentar e colaborar entre os elos para trazer respostas rápidas no enfrentamento da crise” comenta Luiza Mattos, sócia líder da prática de saúde da Bain e líder do estudo em parceria coma Anahp.
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