Campanha que tem como objetivo informar a população sobre a realidade do suicídio oferece dados sobre essa questão urgente no Brasil e no mundo
Iniciada por uma parceria entre a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Campanha do Setembro Amarelo acontece desde 2014. No último dia 10 de setembro celebrou-se o dia Mundial da Prevenção ao Suicídio com o lema “A Vida é a Melhor Escolha!”.
DADOS E CAUSAS
Discutir o suicídio é urgente, já que é uma grave questão de saúde pública. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam a amplitude do problema em âmbito internacional: em 2019, no mundo inteiro, estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas tiraram a sua própria vida. No Brasil, são cerca de 14 mil pessoas anualmente, sendo 38 casos por dia. De acordo com o site oficial da campanha “sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente”.
Segundo o portal do Setembro Amarelo, as taxas seguem as variáveis de países, regiões e entre homens e mulheres. No caso do Brasil – onde é estimado que 17% de sua população já pensou em suicídio (Infográfico 1) – , as mortes são de 12,6% por cada 100 mil homens, já entre as mulheres o número é de 5,4%. Em números absolutos, o país se encontra posicionado em 8° lugar numa escala mundial, isto por ser um lugar populoso.
Analisando o problema globalmente, o suicídio vem diminuindo em 36%. Essas diminuições variam de acordo com cada região do planeta: 17% no Mediterrâneo Oriental, 47% na Europa e 49% no Pacífico Ocidental. Entretanto, nas Américas, as taxas aumentaram 17% entre 2000 e 2019. (Infográfico 2)
Seguindo as informações da cartilha de orientações para profissionais da imprensa sobre o tema, intitulada “Comportamento Suicida: Conhecer Para Prevenir”, “o suicídio está associado a vários fatores de risco, incluindo socioculturais, genéticos, filosófico existenciais e ambientais. A existência de um transtorno mental é considerada um importante fator de risco”.
Para fundamentar essa associação, foram revisados 31 artigos científicos publicados entre os anos de 1959 e 2021, compreendendo 15.629 suicídios na população geral. Essa análise demonstrou que em mais de 96,8% dos casos seria possível diagnosticar transtornos mentais à época do fato.
O estudo revelou as causas principais que levam ao ato fatal (Infográfico 3):
- Transtorno do Humor (35,8%);
- Transtorno por uso de substância psicoativa (22,4%);
- Esquizofrenia (10,6%);
- Transtorno de personalidade (11,6%);
- Transtornos orgânico mental (1%);
- Outros transtornos psicóticos (0,3%);
- Transtorno de ansiedade (6,1%);
- Transtorno de ajustamento (3,6%);
- Outros diagnósticos (5,1%);
- Sem diagnóstico (3,2%).
É importante dizer que a associação entre doença mental e suicídio precisa ser vista da seguinte forma: nem toda doença mental provocará o suicídio, mas é ela um sério fator de risco e a causa do suicídio (fator predisponente) é mais complexa que o acontecimento recente que levou à morte (fator precipitante).
Os fatores de risco, que precisam ser observados por estarem intimamente ligados aos índices de suicídio, também foram descritos no documento:
- Uso de álcool e outras drogas;
- Desesperança e desespero: busca de sentido existencial, razão para viver, falta de habilidade para resolução de problemas;
- Isolamento social;
- Acesso a meios letais;
- Impulsividade.
Um dos motivos para a ocorrência é a ausência de tratamento adequado para determinados transtornos mentais. A campanha do Setembro Amarelo se dedica justamente a isso: oferecer informações precisas para incentivar a população à busca de diagnósticos e tratamentos, como também gerar o conhecimento de que é possível buscar apoio emocional.
CAMPANHA
Por ser uma questão de saúde pública, como foi dito mais acima, o suicídio não pode ser visto como um ato isolado de alguém, realizado por livre e espontânea vontade, já que a concretização deste ato decorre de doença mental e condições que alteram a realidade de quem, infelizmente, interrompe a própria vida.
A campanha do Setembro Amarelo foca em levar ao debate público informações relevantes sobre o problema, como explica o presidente da ABP, Dr. Antônio Geraldo da Silva, “precisamos orientar para conscientizar, prevenir e no mês de setembro concentramos os nossos esforços e vamos para a prevenção efetiva do suicídio. A morte por suicídio é uma emergência médica e pode ser evitada através do tratamento adequado do transtorno mental de base”.
Durante todo o mês, a Associação realiza ações sobre o tema a partir de eventos online, iluminação de espaços e monumentos públicos com a cor que simboliza a campanha, publicação de conteúdo informativo nas redes sociais e site, e disponibilização de materiais gráficos para a imprensa.
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