O nascimento prematuro é uma das principais causas de óbitos infantis no mundo, sendo responsável pela morte de uma em cada cinco crianças de até 5 anos de idade . De acordo com o mais recente relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), entre 2010 e 2020 foram registrados 152 milhões de partos prematuros em todo o planeta.
Os dados, divulgados na terça-feira (09), revelam que 13,4 milhões de bebês nasceram antes das 37 semanas. Ou seja, 1 em cada 10 bebês nascem de partos pré-termo, como também se denomina o nascimento prematuro. De acordo com especialistas, esses bebês têm maior probabilidade de paralisia cerebral, atrasos no desenvolvimento, problemas auditivos e oculares, entre outros. Quanto mais cedo ocorrer o parto, mais aumentam os riscos.
O relatório denuncia uma “emergência silenciosa”, cuja dimensão e gravidade vêm sendo percebidas há pouco tempo. O documento apresenta estimativas mais atuais sobre o fato. Em resumo, as taxas de parto prematuro não foram alteradas em nenhum país do mundo nos últimos anos.
“Depois de cada morte prematura, há um rastro de perda e desgosto. Apesar dos muitos avanços que o mundo fez na última década, não fizemos nenhum progresso na redução do número de bebês nascidos muito cedo ou na prevenção do risco de morte. O custo é devastador. É hora de melhorar o acesso aos cuidados para mães grávidas e bebês prematuros e garantir que todas as crianças tenham um começo saudável e prosperem na vida”, afirmou Steven Lauwerier, diretor de Saúde do Unicef.
Em países mais pobres, onde a população tem rendas menores em comparação aos outros Estados, somente um em cada dez bebês extremamente prematuros – com menos de 28 semanas de gestação – sobrevive. Em países de alta renda, nove dessas crianças conseguem sobreviver. Além do local de nascimento, outros fatores contribuem para o aumento das taxas, a exemplo de raça, etnia e acesso a serviços de saúde de qualidade – mesmo em países ricos, a desigualdade cumpre o mesmo papel.
O sul do continente Asiático e África subsaariana são as regiões do mundo que apresentam as mais altas taxas de parto prematuro. As crianças desses locais também são as mais atingidas pela mortalidade. Se somadas, essas regiões representam mais de 65% dos nascimentos precoces no planeta.
Os dados apresentados também abrem debate para as questões climáticas e humanitárias. Segundo o relatório, a poluição do ar pode estar contribuindo para que seis milhões de nascimentos ocorram antes do tempo considerado saudável e um em cada dez bebês que nascem precocemente estão nos dez países que mais sofrem crises humanitárias.
“Garantir cuidados de qualidade para esses bebês pequenos e mais vulneráveis e suas famílias é absolutamente imperativo para melhorar a saúde e a sobrevivência infantil. O progresso também é necessário para ajudar a prevenir partos prematuros – isso significa que toda mulher deve ter acesso a serviços de saúde de qualidade antes e durante a gravidez para identificar e gerenciar riscos”, pontuou Anshu Banerjee, diretor de Saúde Materna, Neonatal, Infantil e Adolescente e do Envelhecimento da OMS.
A gravidez na adolescência e a pré-eclâmpsia estão relacionadas ao nascimento prematuro. Estudiosos do tema afirmam que é preciso garantir o acesso da população aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, que incluem planejamento familiar e atendimento de qualidade na gravidez e no parto.
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