A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre a quantidade de envenenamentos por chumbo em todo o planeta. De acordo com a agência, anualmente cerca de 1 milhão de pessoas morrem devido ao problema. Os efeitos da contaminação incluem anemia, hipertensão, intoxicação de órgãos reprodutivos e perdas de memória.
A OMS revela que cerca de 30% das deficiências intelectuais idiopáticas, 4,6% das doenças cardiovasculares e 3% das doenças renais crônicas são causadas pela exposição ao chumbo.
Os efeitos neurológicos e comportamentais gerados pela intoxicação com chumbo podem não ter cura. Sendo assim, a Organização recomenda aos países que identifiquem a fonte do contaminante e ajam para mitigar e neutralizar o a exposição para as pessoas que tenham um nível do elemento maior que 5 µg/dl (micrograma por decilitro). A agência alerta, entretanto, que não há nível seguro de exposição ao chumbo, principalmente no que se trata do público infantil.
Nas crianças, conforme explica Maria Nera, diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS, a exposição ao chumbo pode produzir uma “redução do quociente de inteligência (QI) atenção, capacidade de aprendizado prejudicada e aumento do risco de problemas comportamentais”.
Conforme estima o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 1 em cada 3 crianças, ou seja, aproximadamente 800 milhões no mundo, têm níveis de chumbo no sangue de 5 µg/dl ou mais.
A OMS revela que cerca de 30% das deficiências intelectuais idiopáticas, 4,6% das doenças cardiovasculares e 3% das doenças renais crônicas são causadas pela exposição ao chumbo.
Em artigo publicado na Revista Panamericana de Salud Pública em 2003, os pesquisadores Fátima Ramos Moreira, da Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), e Josino Costa Moreira, do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (CESTEH), afirmam que “o chumbo afeta adversamente vários órgãos e sistemas, sendo que as alterações subcelulares e os efeitos neurológicos sobre o desenvolvimento parecem ser os mais críticos. Esse metal produz efeitos sobre muitos processos bioquímicos; em particular, afeta a síntese da heme, o sistema hematopoético e a homeostase do cálcio, interferindo em outros processos celulares”.
A agência definiu esse elemento como um dos dez produtos químicos que causam maior risco à saúde pública e solicitou que todos os Estados proíbam a comercialização e utilização de tintas que contenham o contaminante, bem como realizem ações para eliminar fontes de exposição, e promovam campanhas pedagógicas para alertar a população sobre os perigos do manejo indevido do chumbo.
Entre as fontes de exposição ao chumbo, são exemplos comuns as áreas industriais de mineração e fundição e ambientes de reciclagem de descarte eletrônico e baterias de chumbo-ácido. A estimativa revela que as economias em desenvolvimento são as principais atingidas pelo problema.
No Brasil, o caso mais grave de contaminação por chumbo aconteceu na cidade baiana de Santo Amaro da Purificação, localizada no recôncavo do estado, a 100km da capital Salvador. São mais de 40 anos de intoxicação da população, causada pelas atividades da Cobrac, uma fábrica que lidava com minério de Chumbo.
Instalada no início dos anos 60, a indústria faliu e deixou de operar em 1993. Em toda a trajetória da Cobrac, foram dispersadas 500 mil toneladas de chumbo, que contaminaram as ruas e as águas do município.
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